União Europeia pode deixar de reconhecer marítimos cabo-verdianos

30-07-2011 21:19

 



 



Professor do ex-ISECMAR alerta para a necessidade de investimento em novos equipamentos e instalações.

As autoridades europeias podem deixar de reconhecer os certificados profissionais dos marítimos formados em Cabo Verde. O alerta é do coordenador da secção de formação marítima do Departamento de Engenharias e Ciências do Mar (DECM) da Universidade de Cabo Verde (UniCV).

Em causa está a possibilidade de os marinheiros nacionais deixarem de poder trabalhar a bordo de navios com bandeira dos Estados-membros da União Europeia (UE).

"O que falta neste momento é responder a algumas questões que a UE colocou em termos de instalações de formação e implementação de um sistema de qualidade", alerta Manuel Fortes.

A certificação de marítimos em Cabo Verde é feita pelo Instituto Marítimo Portuário (IMP). Como o país faz parte da Lista Branca da International Maritime Organization (IMO) os profissionais formados na escola de São Vicente podem trabalhar para armadores internacionais. Contudo, a União Europeia quer reforçar o grau de exigência na selecção dos quadros de pessoal dos navios.

"O que temos neste momento é que a UE quer a mão-de-obra cabo-verdiana, mas para isso há requisitos que têm de ser cumpridos", explica o professor do antigo Instituto Superior de Engenharias e Ciências do Mar (ISECMAR).

Os equipamentos existentes no DECM estão obsoletos e as instalações não satisfazem as necessidades actuais.

"Muitos dos equipamentos para formação marítima foram adquiridos há 28 anos. Temos os mínimos requisitos, mas é preciso actualizar".

O arquipélago tem uma forte e antiga tradição de formação de marítimos. Com regularidade, Angola, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe enviam para São Vicente jovens estudantes que procuram uma carreira no mar. Segundo Manuel Fortes, a própria IMO acredita que Cabo Verde pode vir a desempenhar um papel central na sub-região africana em que está inserido.

"Se queremos, de facto, manter-nos na vanguarda, temos de investir", resume.
"A IMO acha que temos todas as condições para continuarmos a ser reconhecidos e a dar apoio à formação", acrescenta.

Convidado do primeiro dia do Fórum Cluster do Mar, que decorreu nos dias 21 e 22 de Julho, no Mindelo, o coordenador da secção de formação marítima da UniCV aproveitou a oportunidade para mostrar aos operadores e entidades públicas e privadas presentes no auditório da Jotamonte, o projecto de construção de raiz das novas instalações da escola, parte integrante da universidade pública.