Segundo as investigações policiais, depois de o marido a ter traído com outra mulher, a reformada Maria Nilza Simões decidiu que queria ver a sua rival morta e, em junho último, contratou o ex-presidiário Carlos Roberto de Jesus para cometer o crime.
Desempregado e sem dinheiro, Carlos Jesus aceitou executar o plano em troca de 1.000 reais (390 euros). No entanto, quando estava prestes a praticar o crime apercebeu-se que era amigo da vítima: a dona de casa Eronildes Aguiar Araújo, mais conhecida como "Lupita".
Sem denunciar quem o contratou, Carlos Jesus decidiu forjar o assassinato com o consentimento da vítima.
Assim, numa floresta próxima da localidade, amarrou "Lupita", com os olhos vendados, e para dar mais credibilidade ao crime, Carlos Jesus usou dois tubos de ketchup para tingir de vermelho a camisola branca da dona de casa -- hoje alcunhada de "mulher-ketchup" na sua cidade. A arma escolhida para a simulação foi uma grande faca.
A prova do crime, uma fotografia registada no telemóvel de Carlos Roberto de Jeus, convenceu Maria Nilza que acabou por entregar o dinheiro ao ex-presidiário pelo 'serviço' prestado.
Dias depois, porém, Maria Nilza cruza-se com a sua rival numa feira e percebe a farsa. Procurou então a delegacia da cidade e acusou Carlos Roberto de roubo. Mas o depoimento acabou por revelar a mentira.
Agora, o grande mistério para a população de Pindobaçu é perceber como é que a reformada traída não viu que, na foto mostrada, a faca estava claramente cravada no espaço entre o braço e o corpo de "Lupita".
"Para mim, essa faca na axila dela não convence", disse à Agência Lusa o delegado titular de Pindobaçu, Marconi Almino de Lima. No entanto, admitiu que para um leigo no assunto "até dá para achar que ela foi morta".
O delegado deverá encerrar o inquérito na próxima semana e enviar o caso para a Justiça. Segundo Almino de Lima, Lupita e Carlos Roberto deverão ser indiciados por burla e apropriação indevida, já que enganaram Maria Nilza para ficar com o dinheiro.
E, como o assassinato não foi consumado, a reformada poderá responder por ameaça de morte e falsa comunicação de crime.
"Em todo o meu tempo de polícia, é a primeira vez que vejo um caso desta natureza", diz o delegado, que define Pindobaçu como uma "cidade pacata".
"Aqui só ocorrem problemas quando a serra está a produzir diamantes, o que atrai pessoas de outros locais", contou.
A cidade tenta, agora, tirar proveito da 'fama'. O prefeito Hélio Palmeira já deu declarações à imprensa da região em que considerou "positiva" a divulgação do episódio, pois "afinal de contas, não houve violência, nem morte".
"Pelo menos está a tornar Pindobaçu uma cidade conhecida", declarou.