Somália: Líderes políticos rivais assinam acordo que prevê eleições em 2012

06-09-2011 21:08

 

Mogadíscio, 06 Set (Inforpress) – Os líderes políticos da Somália assinaram hoje em Mogadíscio um acordo que prevê a realização de eleições dentro de um ano, destinadas a terminar com os ineficazes executivos de transição apoiados desde há sete anos pela ONU. 

O acordo compromete o governo a aprovar uma nova Constituição, define a prioridade das reformas no governo e nas forças de segurança, e apela ainda a conversações com os grupos armados da oposição. O documento também refere que as tropas da União Africana (UA) que têm apoiado o governo de transição devem retirar-se para os limites da capital. 

“Estamos claramente empenhados em aplicar este acordo, o povo somali já sofreu demasiado”, disse o Presidente somali Sharif Cheikh Ahmedm, numa referência aos 20 anos de guerra civil que dilaceraram este país do corno de África.

O documento foi assinado pelo governo provisório e por representantes de Puntland, autoproclamado território autónomo, do Galmudug, outra região semi-autónoma (centro), e ainda pela milícia pró-governamental Ahlu Sunna wal Jamaa.

A Liga Árabe, a União Africana, a Autoridade intergovernamental para o desenvolvimento (Igad, que agrupa seis países do leste de África) e a ONU também assinaram o texto.

Esta nova tentativa para terminar com a instabilidade política – recorrente desde o afastamento do Presidente Mohamed Siad Barre em 1991 – surge quando o país está a ser afetado por uma devastadora seca que já provocou dezenas de milhares de mortos e ainda ameaça 750 mil pessoas, segundo a ONU.

As Nações Unidas já declaram em “estado de fome” diversas regiões do sul, largamente controladas pelas milícias islamistas shebab. A Somalilândia, que autoproclamou a sua independência há 20 anos e pretende o reconhecimento internacional, e os shebab, próximos da Al-Qaida, estiveram ausentes da conferência.