Neste ano, o concurso acontece em São Paulo, Brasil, e são 89 as representantes de diferentes nacionalidades, ascendências e misturas raciais que disputam o título de mais bela do mundo esta segunda-feira, 12.
No fórum de discussão "Miss Universo 2011" da comunidade brasileira do Stormfront.org, foram postadas fotos das concorrentes e links sobre elas com ofensas racistas às negras, afrodescendentes e mestiças. Também há insultos às europeias, colocando em xeque o "grau de pureza" racial das raparigas, levando-se em conta a opção religiosa delas. Há outras questões como se elas são realmente brancas pelo facto de algumas não terem olhos azuis e cabelos loiros.
Entre os mais recentes insultos em português na Internet, oito das participantes do Miss Universo tiveram suas imagens reproduzidas no site. Uma das visadas é Leila Lopes, filha de pais cabo-verdianos: "“(...) é certeza que uma negra ganha essa, provavelmente a Angola (tá mais para uma mulata). Por quê? Primeiro: Liberais. Segundo: jurados querendo fazer média com Africanos, e seus descendentes como Brasilóides”, comentou um dos membros do Stormfront.org.
“Essa é a "menos feia" de um país inteiro, como alguém consegue achar uma preta bonita?”, escreveu outro dos membros do Stormfront ("Frente de tempestade", numa tradução livre do inglês para o português) sobre a miss Aruba, Gillain Berry, de 24 anos.
Num outro comentário, a miss Botsuana, Larona Motlatsi Kgabo, de 25, que é negra, é criticada de modo pejorativo por um integrante do site que diz morar em São Paulo. “Mas tenho que admitir que me surpreendi com a miss Botsuana. Tenho certeza que a minha empregada é mais bonita que ela". Nos demais diálogos do fórum, os "nacionalistas brancos" afirmam que a vencedora do Miss Universo será uma negra pelo facto do concurso ser realizado no Brasil, país onde a miscigenação é presente
“Para mim esse concurso Miss Universo não passa de mais uma maneira de divulgar o multiculturalismo sionista e as ’’belezas’’ da diversidade. Me assustam alguns países brancos europeus com representantes não brancas”, postou um dos integrantes do site, que atacou as candidatas europeias por causa de supostas miscigenações e religião. “Alguns exemplos: Miss Dinamarca (filha de iraquianos e dinamarqueses, já foi miss Iraque no mundo). Miss Rússia: (também muçulmana). Miss Alemanha, (não fica claro se é ou não branca, mas alemã com certeza não é).”
Os membros do Stormfront, que usa como slogan ‘White Pride World Wide’ (algo como Orgulho Branco ao Redor do Mundo), não perdoaram nem o bronzeado da dinamarquesa de cabelos ruivos e olhos claros Sandra Amer, de 21 anos, numa das fotos de divulgação da candidata. “Sobre a miss Dinamarca, que vergonha! Com tantas loiras clarinhas lá arrumaram essa coisa, pele de laranja”, escreveu um membro que diz morar no Rio Grande do Sul.
Investigação
O Stormfront já é conhecido da Polícia Civil de São Paulo. O site e os seus membros são investigados há alguns anos pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), por suspeita de ser uma comunidade neonazi que recruta brasileiros. O grupo foi criado na Internet nos Estados Unidos no início dos anos 1990 e arregimentou muitos paulistas. Segundo a polícia, para difundir a manutenção e expansão da raça branca, os seus integrantes combinam ataques a negros, judeus, homossexuais, nordestinos e imigrantes ilegais.
Apesar de informar na sua página que a comunidade não é neonazi, racista, homofóbica e intolerante, há citações e fotos de oficiais de Hitler, suásticas e símbolos nazis.