Brava: Emigração faz diminuir número de alunos no ensino básico

Cidade de Nova Sintra, 29 Jul (Inforpress) - O número de alunos na ilha Brava tem vindo a diminuir nas escolas básicas devido à emigração para os Estados Unidos da América, garantiu à Inforpress o Delegado do Ministério da Educação e Desporto da Brava, Amândio Brito. 

De acordo com dados avançados pelo delegado, o número de alunos na ilha a frequentar o ensino básico, no ano lectivo passado, era de quase mil alunos e, neste ano findo, reduziu para 872. 

A única explicação que Amândio Brito tem para a redução de crianças a frequentarem as escolas primárias tem a ver com o facto de, cada vez mais, os pais emigrarem e levarem consigo os seus filhos, uma vez que o abandono escolar, no nível básico, é de zero por cento.

O delegado defende, contudo, que o número cada vez menor de alunos no básico não está relacionado com a baixa da natalidade. Aliás, já esteve pessoalmente em contacto com a Delegacia de Saúde para analisar esta questão, mas “crianças nascem todos os dias”, assegurou.

“Fiz um contacto para ver se isso estava intimamente relacionado com a natalidade e, é claro, as pessoas estão a ter menos filhos agora, mas ela ainda continua elevada”, explicou Amândio Brito, ao reiterar que a emigração é a única explicação plausível para o fenómeno.

Segundo o delegado do Ministério da Educação e Desporto, no ano passado, no primeiro semestre, foram oito e, no segundo, seis alunos do ensino básico a emigrar, o que corresponde, no final do ano, a uma turma tendo em conta o rácio escolar da Brava, que é de 17.4 alunos por professor.

Essa redução de crianças nas escolas básicas reduz o número de alunos a saírem do 12º ano e a regressarem com uma formação para a ilha, o que, no entender de Amândio Brito, faz com que a Brava esteja permanentemente a recorrer a quadros externos.

“A maior parte das pessoas não consegue optar por ficar na ilha diante da possibilidade de emigração, mesmo com um emprego estável ou a perspectiva de continuação dos estudos”, concluiu Amândio Brito.

A ilha Brava conta, neste momento, com mil 882 alunos distribuídos entre o ensino básico e secundário, sendo que existem duas turmas do 12º no Liceu Eugénio Tavares, constituídas por 30 e 19 alunos.

Desde sempre, a Brava tem sido considerada uma das menos desenvolvidas e mais isoladas ilhas de Cabo Verde, devido, até há pouco tempo, à falta de transporte marítimo, uma situação que veio a ser alterada com a aquisição do navio “Kriola”.

Com uma forte tradição de emigração para os Estados Unidos, a Brava é a ilha que vem registando a maior diminuição da população de ano para ano, situando-se, actualmente, em sensivelmente seis mil habitantes.

A ilha Brava tem cerca de 67 quilómetros quadrados e é histórica desde o seu povoamento, porque daqui saíram os primeiros baleeiros para a América, para onde a emigração crioula data dos finais do século XVII, fixando-se em actividades industriais e agrícolas em algumas cidades desse país, com destaque para New Bedford.