Duas semanas após o início da “Operação Leoa Ferida”, a Polícia Judiciária conseguiu deter o médico cubano Hidalgo Rodriguez Robalo, o quinto suspeito de pertencer à organização criminosa que ao longo de dois anos vinha burlando o INPS com facturas e recibos falsos. Robalo, ao que consta, terá sido alertado da Operação da PJ, tendo permanecido escondido durante as duas últimas semanas.
As autoridades apertaram o cerco junto das fronteiras e alargaram as buscas a todo o território nacional. Esta acção deu fruto: Hidalgo Rodriguez Robalo acabou por se entregar à Polícia na passada sexta-feira, sendo de imediato encaminhado ao tribunal da Praia, que legalizou a sua prisão preventiva.
Contra ele pesa a acusação de burla qualificada, formação de quadrilha, falsificação de assinaturas e uso de atestados falsos, consubstanciados em 191 processos de pseudo-pacientes a quem simulou ter consultado e receitado sessões de fisioterapia. A PJ continua, entretanto, a investigar qual a verdadeira função deste médico no esquema. É que ele está em Cabo Verde no âmbito da cooperação médica existente entre os governos da Praia e de Havana para trabalhar nas Forças Armadas, pelo que não possui licença para consultas particulares nem está inscrito na Ordem dos Médicos de Cabo Verde.
A dúvida, segundo fontes ligadas ao processo, é se Hidalgo Robalo dava consultas como médico ou como fisioterapeuta, profissão que não exige autorização da OMC. A ficar provado que Robalo actuou como clínico geral ele terá às costas mais um crime, o de exercício ilegal da medicina. Seria mais uma mácula nas relações de cooperação há muito existentes nesse domínio entre Cuba e Cabo Verde. Seja como for, Hidalgo Rodriguez Robalo adquiriu nacionalidade cabo-verdiana e vai responder perante a justiça por burla qualificada, formação de quadrilha e uso de atestados falsos, num esquema que lesou o INPS em mais de 40 mil contos nos últimos dois anos.
Ao todo foram falsificados mais de 600 processos que eram depois introduzidos no sistema informático do INPS para a respectiva emissão da credencial, trabalho que era feito, supostamente, por Admilton de Pina, funcionário do instituto na delegação de Assomada, Santa Catarina.